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INTERCÂMBIO AO ASSENTAMENTO TERRA VISTA, ARATACA
11 a 17 de setembro 2023

O vínculo do Assentamento Terra Vista e a Teia dos povos com os povos Tikmũ’ũn  nasceu das lutas ancestrais, como diria mestre Joelson. Mas desde 2018 que esta união vem sendo tecida, com a visita dos mestres  Joelson Ferreira e Solange Brito aos vários territórios Tikmũ’ũn. Em 2022 o Terra Vista passou a receber vários grupos de famílias Tikmũ’ũn no Assentamento Terra Vista, proporcionando a experiência de diálogo com a comunidade e as mestras e mestres que realizam a transição agroecológica ao longo de mais de 30 anos no Assentamento. Em 1992, quando as 360  famílias do MST ocuparam a antiga fazenda Bela Vista, o Assentamento era uma área degradada de produção de cacau, fustigada pela doença da vassoura de bruxa. Além dos despejos, as famílias passaram pela fome e pelos vários desenganos da agricultura controlada pelo capital e seu famoso "pacote verde". A partir de 2002, as/os agricultores iniciaram um  processo de transição agroecológica, tendo podido transformar em grande escala o espaço do Assentamento, recuperando a mata ciliar, cultivando alimentos orgânicos, garantindo autonomia em água e alimentos, produzindo para o sustento da família, levantando florestas. O Assentamento Terra Vista é hoje uma escola viva, onde os jovens Tikmũ’ũn aprendem com os/as mestres/as agricultores em áreas que se encontram em diferentes estágios de transformação agroecológica e podem ter a experiência da agroecologia. Durante esta atividade, puderam realizar atividades com os mestres Capixaba, Daniel, Izaque, Pedro, Valdir, Bruno, Solange, Dayse e Joelson. Realizaram as práticas de cooperação simples, os espaçamentos, a fabricação de biogel, o trabalho com compostagem a horta orgânica, a coleta de sementes e mudas, o trabalho nos viveiros. As caminhadas pela Mata e os diversos espaços do assentamento, assim como a coleta de mudas foram pontuadas por cantos e gestos de alegria e reencontro dos Tikmũ’ũn com seus povos Yãmĩyxop.

Os Tikmũ’ũn não passavam fome! 

Os Tikmũ̃’ũn quando andavam não passavam fome. 

Quando tinha muita terra o pessoal ia muito na mata

andava caçando bichos e lá tinha o cará (tipo de inhame). 

Eles andavam

caçavam algum animal

colhiam cará 

e outros tipos de alimentos. 

 

A gente não viu nada disso, a gente só ouviu os Tikmũ’ũn falando 

Quando cozinhavam o inhame, demorava para ficar pronto. 

Os Tikmũ’ũn podiam comer qualquer tipo de fruta: 

xuyãm, xuyãm ta, xagãy, mĩmta xeka… 

sapucaia, castanha… 

comia tudo! 

 

E hoje são os jovens que estão querendo trazer isso de volta. 

Quando a mata crescer, os Tikmũ̃’ũn vão ver tudo isso de novo, 

vão ficar com a cabeça boa e as crianças também. 

Elas vão aprender com os mais velhos a fazer coisas 

As crianças vão ficar olhando para aprender como se plantam as sementes. 

O pessoal do projeto nos ajudou. 

Eu gosto que seja assim

Quero que a gente faça as coisas com toda nossa comunidade forte. 

 

Se o Pradinho se unir e ficar forte o movimento vai ser muito bom! 

O movimento é bom quando é forte! 

Vamos fazer esse movimento agora! 

Junto com esses que estão aí, que são professores de plantio de mudas.  

Este aqui é Renato que vai fazer as coisas para a comunidade daqui do Pradinho. 

É isso!   

 

Manuel Damásio

Oficina de etnomapeamento, aldeia Nova Vila, Pradinho, maio de 2023

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