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GRANDE FEIRA DE SEMENTES, LEGUMES E CANTOS NA TI MAXAKALI DO PRADINHO
12 de outubro 2023

No dia 12 de outubro de 2023, cada agente agroflorestal e viveirista foi convidado a trazer sementes, manivas, ramas de batata e brotos de bananas das suas roças para a celebração da 1ª Grande feira de sementes e cantos dos yãmĩyxop realizada na Aldeia Nova Vila, no Pradinho (TI Maxakali). Na ocasião, reuniram-se alguns das/os principais pajés da Água Boa e Pradinho para acompanhar os participantes da feira na apresentação de cantos e histórias dos espíritos da floresta. A feira iniciou-se com a apresentação dos cantos por cada grupo. As/os pajés mais experientes ouviam atentamente cada canto e corrigiam sempre que necessário, compartilhando seus conhecimentos sobre as sementes, os cantos e os espíritos yãmiyxop com os participantes da oficina de agrofloresta. Por fim, cada um trocava os produtos da sua roça com os parentes, alimentando os vínculos de troca ritual celebrados entre os kõmãyxop (amigos formais). A feira e festival de cantos reforçou os vínculos do projeto Hãmhi com as kuxex (casa de cantos) e as principais lideranças espirituais Tikmu’un, destacando a importância dos espíritos e rituais para o trazer a mata e os bichos de volta.

Essa daqui é fibra de batata da casca vermelha. 

E essa é rama de batata preta  

Aqui tem a batata dela. 

Fazem suco e comem com a mesma batata. 

A gente deixa o suco fermentar um pouco.

Essa também é batata compridinha. 

A gente faz caldo e come a batata também. 

As mães também levam para os yãmĩyxop comerem.  

Essa aqui é abóbora de verdade. 

E essa daqui é mandioca que tem o pé retinho. 

Essa é novinha, mas quando crescer vai dar raiz grande! 

As mulheres arrancam e fazem beijú para os yãmĩyxop comerem também. 

Assa com folha de bananeira, o beijú com carne. 

- A gente manda pros yãmĩyxop e pros pais. 

Essa daqui é a cana de pintas verdes, aquela que é mole. 

A gente tira o caldo e fazemos café com caldo de cana de manhã cedo. 

É comida do morcego-espírito. Quando dá muito a gente tira e leva pro ritual

Essa daqui é muda de TEPTA TOX (banana da terra). 

É alto demais! 

Você corta aqui, ela cai e as mulheres tiram pro nosso ritual do morcego. 

Amarra o cacho de banana e coloca no ombro do morcego-espírito. 

Essa daqui é TEPTA MÃNAK NÕM XEKA. 

Comida de morcego. 

E essa daqui é TEPTA MÃNAK 

Quando você come elas novas você não consegue engolir.  

Essa daqui é TEPTA PE. 

Mesmo plantando na terra seca ela cresce bem.

Fica grande e bonitona! 

E essa aqui é cana branquinha também. 

Essa está nova e pequena, mas quando ela crescer fica bem alta! 

E essa aqui é a mandioca da casca vermelha! 

Essa é a mandioca da casca vermelha. 

Ela tem a casca vermelha, mas é bem lisinha 

E essa daqui é a mandioca da casca vermelha, daquela grande! 

E essa é a mandioca vermelha. Ela é vermelha por dentro. 

E essa tem a casca vermelha, mas a folha é compridinha! 

Essa é TEPTA NÕM MÛNÎY YÎXUX, aquela que é preta e verde. 

Por enquanto é só isso, esses aqui são os nossos alimentos verdadeiros! 

Alimentos dos  yãmĩyxop. 

A gente faz caldo e alimenta os yãmĩyxop. 

Quando a banana amadurece, a gente também leva pros yãmĩyxop. 

A gente faz beijú e dá de comer pros yãmĩyxop.

Essas coisas são alimentos verdadeiros dos Tikmũ’ũn. 

Então fizemos esse curso na aldeia Ãmãxux…

Pra trazer de volta os nossos alimentos. 

Pros nossos yãmĩyxop comerem com seus pais e suas mães! 

 

Antônio Lucinda Maxakali

Oficina de etnomapeamento, Água Boa, Aldeia Ãmãxux, maio de 2023

Eu vou mostrar pra vocês as batatas e ramas de batata que eu trouxe! 

As ramas são diferentes e as batatas de cada uma também! 

Agora vou mostrar essa rama de batata preta. Ela é preta por dentro. 

Aquela que o povo diz” “se comer dessa batata seu nariz vai escorrer”. 

E essa é a batata vermelha. A rama dela é curtinha, mas ela dá muita batata! 

Eu plantei e conheço bem o caminho dessas batatas.

Essa aqui é uma muda de maxixe. É a rama dela. 

E essa aqui é a batata grande da casca vermelha, aquela da rama comprida. 

Olhem a batata dela! 

Essa batata é comida de todos os yãmĩyxop! 

A gente coloca nas sacolas e leva pro ritual do macaco e para aquele yãmĩy pra quem a gente grita assim: “venha!”  

Essas aqui são sementes de abóbora! 

A gente planta e quando colhe a gente leva pra vender em Santa Helena de Minas e come também. 

E essa aqui é semente de quiabo. E fazemos assim também. 

A gente planta e vende. Vendemos de tudo aqui. 

A gente mesmo é que não tá tirando e vendendo. Não sei porquê não estamos tirando… 

Por isso estão vindo esses não-indígenas pra ajudar a gente. 

Mas quando eles forem embora, por acaso vamos nos esquecer do que falamos aqui? 

Se a gente continuar, as nossas coisas vão brotar de novo! 

Eles não vão fazer pra gente. Nós mesmos vamos fazer pra nós! 

Essa batata aqui é vermelha também, mas a rama dela é curta e dá muita batata como aquela outra ali. 

E essa também é outro tipo de batata branca. São vários tipos! 

Essa é batata branca também! 

Tem vários tipos de batata branca, cada uma tem uma rama diferente, mas é branca por dentro. 

Essa também é branca.

Essa é branca também… Batata branquinha. 

E essa aqui é mandioca da casca vermelha de verdade. A gente planta pra vender e pra comer. 

E alimentamos nossos yãmiyxop… Nós falamos “yãmiyxop”, mas esse é o nome genérico. 

Estou falando de HEMEX MÕTAHAP AX.

Quando ele vem a gente vai arrancar mandioca. 

Os adultos, as crianças e os homens todos vão e a gente cozinha pra todo mundo comer. 

E essa daqui é outra maniva chamada YAIT 

E essa é aquela outra mandioca da casca vermelha. 

Aquela que tem o pé bem reto e comprido.  

Esse é um mamão grande! 

Essa é a cana mole! 

Essa é a cana pintada! 

Essa é muda de banana TEPTA PE YIYXOX

E essa é muda de KATOHÃM 

Essa é KOXÛG YIXUX 

E essa e TIKÃOG KUP  

Então é isso. As minhas acabaram. Mas esqueci de dizer o meu nome e o nome da minha aldeia. 

 

Maria Rosa

Oficina de etnomapeamento, Água Boa, Aldeia Ãmãxux, maio de 2023

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