OFICINAS DE ETNOMAPEAMENTO NAS TERRAS INDÍGENAS
1 a 21 de maio 2023
Considerando que as ações de etnomapeamento permitem aos AAFIs e suas comunidades uma visão mais ampla da complexa realidade onde estão inseridos, as oficinas ministradas por Renato Gavazzi trataram principalmente da soberania alimentar e do reflorestamento nas Terras Indígenas por meio da Gestão Ambiental e Territorial Comunitária. Foram realizadas reflexões e planejamentos de ações e estratégias para o reflorestamento voltado para a gestão de suas terras e seu entorno. As ações de etnomapeamento são processos que vêm contribuindo na consolidação de planos de gestão territorial e ambiental em muitas Terras Indígenas do Brasil, pois são instrumentos voltados para planificar e programar o uso do território indígena, as atividades produtivas, o ordenamento da forma dos assentamentos humanos e o desenvolvimento das sociedades indígenas em harmonia com o potencial natural de suas terras. Portanto, mapear o território é um exercício de trabalhar a visão do indígena sobre os problemas socioambientais que os atingem, e procurar as possíveis soluções para sanar tais problemas (Gavazzi, 2011, 2020)
A presença dos integrantes das oficinas foi intensa e se sustentou ao longo de todos os dias de atividades. As/os pajés permaneceram presentes, abrindo, fechando e pontuando os temas tratados, trazendo e rememorando histórias e cantos. Observamos o gesto de promover a participação de jovens adolescentes indicados para a formação prevista no escopo do projeto. As discussões foram pautadas pela construção dos mapas temáticos (Floresta, Conflitos, Recursos Hídricos, Animais) e por incursões coletivas nos locais do território. Nos 3 últimos dias de oficina foram discutidas as principais etapas do Projeto Hãmhi, definidas as áreas do viveiros-escola, bem como o Plano de Gestão Ambiental e Territorial de cada TI.
Pradinho: 1 a 7 de maio 2023
Água Boa: 9 a 14 de maio 2023
Aldeia Verde e Cachoeirinha: 9 a 14 de maio 2023
Aldeia-Escola-Floresta: 15 a 21 de maio 2023
Cada um de nós veio de uma aldeia e juntamos nossas forças aqui.
E vamos continuar dessa forma para conseguir as melhores coisas.
Nós temos as kuxex (casa de cantos) aqui
Quando a gente der início ao nosso trabalho
os yãmîyxop vão acompanhar e vão ficar andando ao nosso redor
para que as crianças não andem lá para o viveiro.
Foi muito bom, eu gostei mesmo!
Está tudo bem porque todos nós ficaremos aqui até o final,
depois vai ter outro ritual e nós vamos fazer assim também.
É isso. Olha, eu vou falar pra vocês. É mesmo muito bom!
Precisamos ter a mata para que as crianças possam fazer suas casas no futuro.
Até porque não podemos pegar lenha na terra dos fazendeiros.
Os fazendeiros não vão querer deixar as terras.
Estou falando para vocês para que ensinem bem as crianças daqui.
Afinal, como elas vão continuar fazendo suas casas?
As madeiras quase acabaram por causa das queimadas, agora tem só um pouquinho, mas daqui a um tempo não vai ter mais.
Tem um pouquinho ali, mas estão quase acabando.
Esse projeto vai ser muito bom, pois irá trazer muitas coisas boas para nós.
Porque os yãmĩyxop não vão deixar o fogo entrar!
Nós vamos ajudar também, vamos juntos com as mulheres e as crianças.
É isso.
Cândido Maxakali
Oficina de etnomapeamento, Aldeia Nova Vila, Pradinho, maio de 2023