Estamos todos alegres, agentes da floresta. 

Esses que viraram agentes e estão aqui são doze!  

Aqueles que vão ajudar as mulheres viveiristas! 

Vamos ajudar os viveiristas que vão trabalhar no viveiro-escola, 

lá onde ficava a antiga sede da Funai. 

Então é verdade, nós vamos cuidar da mata para ela ficar boa. 

E vamos nos reunir para todos entenderem! 

Vamos contar o que ouvimos nas nossas aldeias. 

Contar que estamos trabalhando até de noite, nós que estamos aqui na oficina.  

E então por onde vocês forem, contem também sobre os nossos trabalhos! 

Contem para os seus parentes! 

Assim nós todos vamos ensinar uns aos outros para que o projeto continue.  

Eu estou fazendo isso porque tenho saudades das matas!  

Lá na minha aldeia tem uma nascente e eu plantei muitas bananeiras e mangueiras ao seu redor! 

Elas cresceram e quando eu vi eu fiquei muito feliz!  

Plantei muita cana também e ficaram bem compridas! 

E quando cheguei na aldeia eu falei para os meus parentes não cortarem aquelas canas.

Porque não plantei pra eles comerem, foi pra esfriar a água! 

Aí um dia eu fui pra Santa Helena e quando voltei eu pensei: “vou lá ver se minhas plantas cresceram”.

E quando eu cheguei lá, as canas estavam todas queimadas! O fogo queimou!

E eu nem sei quem botou o fogo que queimou as minhas plantas! 

Às vezes a queimada vem de longe e queima suas plantas.  

Mas eu também fiquei com raiva de mim porque cortei capim e ele ficou seco por isso queimou! 

Eu deixei o capim seco em volta e pensei: “deixa ele apodrecer para as plantas crescerem bem.”

Foi quando elas queimaram.  

Mas também eu não fiz aceiro em volta delas. 

Se tivesse feito, elas não teriam se queimado! 

Pronto! Era só isso mesmo que eu queria falar. 

Aí esses que vão trabalhar com a gente vão ajudar 

 

Roberto Maxakali

Oficina de etnomapeamento, Água Boa, Aldeia Ãmãxux, maio de 2023